Em um movimento que está gerando fortes críticas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, incluiu o renomado jornalista Glenn Greenwald no controverso inquérito das Fake News. A revelação foi feita pelo próprio Greenwald durante uma entrevista ao podcast Internet LTDA na quinta-feira, 19 de setembro, onde afirmou que tanto ele quanto a Folha de S.Paulo e o jornalista Fábio Serapião foram incorporados ao inquérito.
“Alexandre já incluiu nossa reportagem no inquérito das Fake News, não só a fonte que vazou, mas também a Folha, eu, Fábio e parte do processo criminal”, declarou Greenwald, que é amplamente conhecido por seu trabalho investigativo e por ter liderado o projeto local do site The Intercept, famoso pelas revelações que abalaram o cenário político e judicial brasileiro durante a Operação Lava Jato.
A decisão de Moraes é vista como uma ampliação preocupante do inquérito, que já vem sendo criticado por suas implicações sobre a liberdade de expressão e a imprensa no Brasil. O jornalista Fábio Serapião e Greenwald, por meio de uma série de reportagens publicadas na Folha de S.Paulo, levantaram graves acusações contra o próprio Moraes, provando que ele teria “escolhido” alvos seletivamente para investigar inconstitucionalmente no inquérito das Fake News. Além disso, os jornalistas apontam que Moraes teria solicitado relatórios ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos ritos processuais usuais, manobras que não constam nos autos e que levantam sérios questionamentos sobre a transparência de suas decisões.
Resgate o jornalismo assinando a Revista Timeline, clique no botão abaixo.
As reações à inclusão de Greenwald no inquérito têm sido contundentes, com críticos argumentando que a decisão representa mais um ataque ao jornalismo investigativo e à liberdade de imprensa. A medida, segundo especialistas, intensifica a percepção de que o inquérito conduzido por Moraes se desvia de seu propósito original — investigar a disseminação de notícias falsas — e assume um caráter autoritário, sufocando vozes críticas ao Poder Judiciário.
O caso levanta preocupações maiores sobre a expansão do poder de Moraes dentro do STF e suas ações no contexto do inquérito, que há muito tempo é criticado por sua falta de limites claros e transparência. O inquérito das Fake News foi instaurado em 2019 sob o pretexto de combater a desinformação, mas vem sendo duramente criticado por sua amplitude e pela maneira como é conduzido, sem a participação do Ministério Público. A inclusão de Greenwald e de outros jornalistas no processo apenas alimenta as acusações de que o inquérito é utilizado como uma ferramenta de controle e intimidação política.
Glenn Greenwald, com sua longa trajetória de reportagens que expõem o poder e a corrupção, agora se vê no centro de uma batalha que muitos observadores consideram essencial para o futuro da liberdade de imprensa no Brasil. Sua inclusão no inquérito ecoa preocupações já levantadas por defensores de direitos civis e jurídicos, que veem nas ações de Moraes uma ameaça crescente ao livre exercício do jornalismo investigativo.
“Essa decisão de Moraes é um ataque direto à liberdade de imprensa, ao jornalismo investigativo e ao direito do público de saber sobre o comportamento de seus governantes e do Judiciário”, afirmou um especialista em direito constitucional, que preferiu não se identificar. “O inquérito das Fake News transformou-se em um instrumento de repressão política.”
As ações de Moraes, especialmente neste contexto, levantam questões sobre o equilíbrio de poder entre as instituições brasileiras e a independência da imprensa. Com as tensões políticas aumentando e o papel do STF cada vez mais questionado, a inclusão de jornalistas como Greenwald neste inquérito parece ampliar a já vasta sombra de censura que paira sobre a liberdade de expressão no Brasil.
Resgate o jornalismo assinando a Revista Timeline, clique no botão abaixo.