O entrevistado de hoje na Timeline é Daniel Bertorelli, especialista em conectar a sétima arte à realidade cotidiana. Ele nos concedeu esta entrevista e trouxe sua perspectiva crítica e detalhada sobre o impacto do cinema na formação do comportamento humano. Com uma carreira que inclui colaborações com astros como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Meryl Streep e diretores como Bryan Singer e Phyllida Lloyd, o cineasta traz para seu trabalho uma visão ampla sobre a influência do cinema na sociedade. Sua convivência com o filósofo Olavo de Carvalho marcou um ponto de virada, ampliando sua análise crítica sobre cultura, política e comportamento. Residente na Virgínia, Bertorelli nos oferece uma perspectiva única sobre o impacto do cinema no mundo contemporâneo.
Timeline: Daniel, o que o motivou a criar o curso Jornada da Influência e como sua experiência em Hollywood e convivência com o filósofo e professor Olavo de Carvalho influenciaram a criação desse curso?
Daniel Bertorelli: A motivação foi o atual estado das coisas, culturalmente falando. Muita gente ainda tem fé somente na política, que obviamente não deve ser abandonada, mas se ficarmos só nesse aspecto, continuaremos enxugando gelo. Conviver com O Olavo foi a virada de chave. O Professor tinha muito conhecimento em diferentes áreas e ele, que também era fã de cinema, me estimulou a colocar tudo o que eu havia aprendido em um curso. Assistíamos muitos filmes juntos e eu fazia anotações. Eu já escrevia roteiros fazia muitos anos e sempre me interessei pelos aspectos psicológicos de construção de personagens, a construção de narrativas, o poder da imagem, como influências audiências em escala gigante através do cinema. Some-se a isso minhas experiências em sets de filmagem, desde filmes pequenos à grandes produções de Hollywood. Eu achava que conhecia bastante sobre cinema, tanto na parte narrativa quanto na técnica, mas ao começar a estudar com o Olavo vi que nada se comparava com o que o Olavo sabia. O mergulho dele na questão narrativa era muito mais profundo.
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Timeline: Como a sua vivência ao lado de grandes estrelas como Stallone, Schwarzenegger e diretores como Bryan Singer e Phyllida Lloyd moldou sua percepção sobre a influência e liderança?
Daniel Bertorelli: Cada uma das pessoas que você citou me ensinou alguma coisa. O Arnold [Schwarzenegger] é o rei do marketing. Ele sempre acha um ângulo bem humorado para as situações e como capitalizar em cima disso. Mas no cinema o maior impacto foi conviver com Stallone no dia a dia e perceber que toda uma estrutura de milhões de dólares pode nascer com apenas uma idéia na cabeça, um bloco de papel e uma caneta. Assim surgiram vários os filmes dele. Stallone é bem analógico no processo de criação. Papel e caneta mesmo, um monte de rabiscos que ele faz e dá para perceber um certo paradoxo na criação dele. Ele parece ter o filme pronto na cabeça, mas ao mesmo tempo colhe opiniões o tempo todo no set de filmagem. A maioria das idéias ele adapta ou descarta, mas quando ele percebe uma boa idéia ele a integra no que havia desenhado previamente. É um processo muito interessante, onde ele faz ajustes constantes em uma estrutura permanente muito bem definida. Certa vez comentei como Olavo exatamente isso, e ele comentou que de certa forma todos nós fazemos esses “arranjos” na nossa vida, mas que muitas vezes isso não é percebido, e sim instintivo. É como uma dança entre a estrutura e o caos, o programado e o improviso, dependendo das circunstâncias.
Timeline: Sua convivência com o filósofo Olavo de Carvalho marcou um ponto de virada na sua vida. Como essa experiência impactou sua visão sobre cultura, sociedade e a construção da influência no mundo real?
Daniel Bertorelli: Olavo falava sobre o processo de colocar as idéias em circulação. Veja a força da personalidade dele: um homem lutando praticamente sozinho, com papel e caneta, morando quase que no meio do mato com a família, e que mudou o panorama cultural e político no Brasil. Dentre as inúmeras coisas que aprendi com o Olavo eu posso salientar que se você se salvar já está de bom tamanho. Não tente salvar o mundo, ou apresentar um novo modelo de mundo, porque se fizer isso, não é que vai dar errado, já deu errado. Eduque-se, rastreie a origem dos seus pensamentos, descubra o que falta você aprender fazendo o bendito “mapa da ignorância”, crie o seu necrológio e tenha um norte. Isso já é um bom começo e já coloca você muito à frente. O bônus disso é que sem perceber, ou “meio que sem querer” você vai arrastar muita gente para fora do buraco, para fora da Caverna de Platão. O nosso sucesso pessoal impacta o nosso entorno e torna-se um ciclo virtuoso.
Timeline: Você traça muitos paralelos entre o cinema e a vida real. Pode nos contar como os filmes e personagens podem ensinar lições práticas de influência que podem ser aplicadas no cotidiano?
Daniel Bertorelli: Filmes impactam a gente de inúmeras formas, de forma consciente ou inconsciente. Desde a forma com que uma pessoa se veste, fala, na forma de agir e na postura. Filmes são derivados de histórias que se repetem, baseados nos dramas, na miséria humana, na ascensão, queda e ressureição do ser humano em diferentes aspectos da vida. Todo esse conhecimento é condensado e embalado em filmes, mas o suco, o âmago dessas narrativas é muito denso. O que eu faço é uma engenharia reversa: pego histórias, técnicas e conceitos utilizados nos filmes e trago de volta para a vida real. Na maioria das vezes o problema que uma pessoa tem na vida real já foi resolvido de forma explícita ou mascarada no cinema. Eu disseco essas técnicas e coloco em prática no mundo real.
Timeline: Ao trabalhar com alguns dos maiores nomes de Hollywood, o que você aprendeu sobre o poder da imagem pessoal e da narrativa, e como esses elementos são abordados no seu novo curso “Jornada da Influência”?
Daniel Bertorelli: Aprendi que eles são pessoas normais, com uma capacidade de comunicação acima da média, só isso. Parece simples porque é. Em última instância, o que eles fazem é tomar o controle da narrativa de suas vidas. Eles não se colocam apenas como o personagem central de suas histórias, eles tomaram as rédeas e transformaram-se também no roteirista, no diretor, no produtor da vida real. Eu não estou falando de cinema, eles assumem essa posição de “escrever e produzir” a própria história. É claro que existem outros elementos que ora contribuem, ora atrapalham, são os “arranjos” que o Olavo falava, mas aprendendo a utilizar essas técnicas de comunicação, qualquer pessoa, independente da profissão, nível social, lugar onde mora, pode evoluir e saltar para o próximo nível. São círculos concêntricos: primeiro você influencia seu entorno, sua família, seus amigos. Daqui a pouco o bairro, ou a sua cidade e por aí vai. Com a internet e as técnicas certas, o tempo desse salto pode encurtar e o tamanho do salto pode ser estratosférico.
Timeline: Qual é o diferencial do curso Jornada da Influência para profissionais que buscam mais do que apenas comunicação eficaz, mas também uma visão crítica e analítica do impacto da mídia no comportamento humano?
Daniel Bertorelli: A diferença básica é que ao término da “Jornada da Influência” você vai se conhecer melhor e conhecer melhor os outros. Vai identificar e corrigir onde você está errando ou onde pode melhorar e vai perceber onde estão tentando enganar você. Esse não é apenas um curso sobre imagem pessoal, posicionamento de mercado, oratória, etc. Essa “Jornada da Influência” é um mapa para sair da obscuridade, da auto-enganação, e partir com um plano nas mãos em direção à conquistas reais, na vida pessoal e profissional.
Timeline: Muito obrigado, Daniel. Quanta experiência! Onde as pessoas podem fazer a inscrição para o curso?
Daniel Bertorelli: Eu que agradeço a oportunidade. Estou muito animado com a Revista Timeline. O trabalho de vocês está sensacional. E, convenhamos… Lacombe é um príncipe no jornalismo. Sucesso para vocês. Ah, sobre o curso…, tem que correr lá, as inscrições se encerram hoje.
Aos que desejam participar do curso de Bertorelli, basta acessar AQUI.